“Você ama o desejo, não o desejado.”- Nietzsche

“Jamais alguém fez algo totalmente para os outros. Todo amor é amor próprio. Pense naqueles que você ama: cave profundamente e verá que não ama à eles; ama as sensações agradáveis que esse amor produz em você! Você ama o desejo, não o desejado.”


Eu adoro a filosofia , pois ela nos faz questionar a nós mesmos, nos coloca a pensar sobre tudo aquilo que achamos ter certeza. “Você ama o desejo, não o desejado” concordo e aceito esta verdade, pois o que desperta o desejo, a sensação boa é a forma como somos tratados e amados. Pode parecer egoísta ou talvez essa seja realmente uma verdade sobre todos nós.. “somos egoístas”, porque basicamente tudo que fazemos, mesmo que para alguém tem um intuito de satisfação pessoal, você dá flores a alguém, ajuda algum necessitado e sente uma satisfação por estar fazendo bem a este alguém.


Nas minhas pesquisas sobre Nietzsche eu descobri que na verdade este trecho é uma fala fictícia de Nietzsche para Breuer presente no livro “Quando Nietzsche chorou”, o primeiro romance do psicoterapeuta Irvin D. Yalom, uma curiosidade pois eu mesma sempre achei que fora Nietzsche quem escreveu, no livro Irvin narra um encontro entre o filósofo e Josef Brauer, que para quem não sabe é conhecido como o pai da psicanálise e também mentor de Freud. Em uma determinada parte do livro o filosofo questiona o doutor sobre sua real intenção de querer tratá-lo, basicamente o Dr. explica que ajuda as pessoas a se libertar das suas dores e que essa é sua função, uma resposta que não é aceita por Nietzsche, então o doutor o questiona dizendo ” pois então, para que filosofa? ” e aí vem a resposta de Nietzsche;


“Ah! Existe uma importante distinção entre nós. Eu não alego que filosofo para si, enquanto o senhor, doutor, continua fingindo que sua motivação é servir-me, aliviar minha dor. Tais alegações nada têm a ver com a motivação humana. Elas fazem parte da mentalidade de escravo astutamente engendrada pela propaganda sacerdotal. Disse que suas motivações mais profundamente! Achará que jamais alguém fez algo totalmente para os outros. Todas as ações são autodirigidas, todo serviço é auto-serviço, todo amor é amor-próprio. (…) Parece surpreso com esse comentário? Talvez esteja pensando naqueles que ama. Cave mais profundamente e descobrirá que não ama a eles: ama isso sim as sensações agradáveis que tal amor produz em você! Ama o desejo, não o desejado.”


Eu fiquei horas me questionando e me perguntando ” Amar é isto então?”, vai estar sempre ligado ao amor próprio, isso é uma verdade mas, cada um tem e acredita na sua verdade e a minha é, eu acredito que possamos amar verdadeiramente e isto não somente gira em torno no modo como somos tratados e amados, do desejo de ser amado mas, em aceitar que somos humanos e imperfeitos. Nós temos uma personalidade, um modo de pensar e de agir, uma essência única , lembrando que personalidade não justifica a maldade mas, quando aceitamos as pessoas, respeitamos o seu modo de ser, pensar e agir, aceitamos suas manias, seus gostos, os seus detalhes e escolhemos amá-las do modo como são, isto para mim Gabrielle significa que amamos verdadeiramente, não sei, é uma satisfação pessoal? mas, eu entendo e vejo como “Amor’. Você ama não só o “desejo” a sensação agradável de estar amando mas, também o desejado, você escolhe amar cada detalhe e é claro que esperamos ser amados do mesmo modo mas, quando você apenas ama e tem a plena consciência que talvez não seja recíproco, que pode não ser amado, como acontece muitas vezes, e o amor permanece ali.. isso já não é mais só uma satisfação pessoal, é só o Amor.. apenas. Não há nada que mude isso.


O amor próprio também é não se sujeitar, não aceitar menos do que merece e o que merecemos? Merecemos ser amados, e isso sim tem haver com satisfação pessoal, “eu mereço ser amada” “eu desejo ser amada”, a sensação deliciosa de amar e ser amado, talvez esse “egoísmo” seja mesmo necessário, só cabe a nós a escolha de aceitar a forma como somos amados.
Eu sempre digo que você só aprende a amar as pessoas quando, aprende a amar a si mesmo.. o amor deve sempre começar por nós. Sabe aquele ditado “o que eu não desejo para mim, eu não desejo para os outros”? é basicamente isto, o quão bem você deseja a si mesmo? é este bem que você deve desejar para o seu próximo”, o amor que você deseja é o amor que precisar dar, não espere flores se você só oferece espinhos, por isto ame a si mesmo, ame o quanto puder e entenda que é deste amor que as pessoas necessitam. A satisfação não será apenas sua. 🙂


E sabe finalizando este texto eu entendo agora o que Nietzsche quis dizer, eu escrevo não somente para vocês, o ato de escrever me traz a leve e boa sensação de ser livre, de estar em paz comigo mesma, ser o que desejo ser, então escrevo porque amo, porque a escrita é como um remédio para minha alma, a escrita me traz a sensação de liberdade… e quando ouço “seus textos me motivam muito” o que sinto? é uma imensa satisfação e claro toda essa felicidade é compartilhada…


Abs e até a próxima meus queridos e amados leitores. ❤ 🙂

Escrever é emprestar as mãos a nossa alma, para que ela possa falar

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2 comentários em ““Você ama o desejo, não o desejado.”- Nietzsche

  1. Pensando friamente nossos pensamentos, sentimentos, sensações e tudo mais, são só descargas químicas produzidas em nossos cérebros. Nesta perspectiva todo amor, ódio ou qualquer outra coisa, começará e terminará dentro de mim.
    Mas, sabe, o mesmo acontece com a beleza de uma flor, por exemplo: a luz bate na superfície da flor e é refletida, entrando por nossas retinas e “acionando sensores”. Nossos cérebros, produzem descargas eletro-químicas e, é isso que eu chamaremos de flor.
    Nada disso faz dela menos bela, ou menos real.
    É importante sabermos que nossa percepção do mundo é “só nossa”, mas também é importante saber que o mundo continua real.
    Obrigado por compartilhar mais esse texto profundo e questionador

    Curtido por 1 pessoa

  2. Toda vez que vejo um discussão bacana sobre o amor, lembro-me sempre de como Jesus estando aqui na terra, amou o homem.

    O que o homem proporcionou à Cristo aqui na terra?

    Proporcionou tristeza, decepção, ódio, tortura, sofrimento, traição, solidão, maldade, violência e tantas outras coisas.

    Mas mesmo assim, ele nos amou.

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