“Café e Prosa”‘


Aceita-te como és, convide-os para um café

Olá meus queridos e amigos leitores! Já faz um tempo não é mesmo?  Foram cinco meses distante desta pequena parte de mim e de todos vocês.. e para falar a verdade eu bem sei que o meu último texto foi um pouco sombrio. A minha minha voz desapareceu na escuridão, se calou e toda forma de mim mesma, tudo se esvaiu, e é sobre isso que eu gostaria de compartilhar com vocês hoje. 

São exatamente 03:00 da manhã como dizem por aí “A hora do Diabo” mas, para mim é a hora que o meu sono se rende a um milhão de pensamentos em minha cabeça, abre a porta e os convida para que entrem e sentem a mesa e se sirvam de café e iniciem a reunião. Hoje eu resolvi abrir essa porta da minha mente para que vocês entrem e também se sentem e peguem seu café e apenas ouçam todo este barulho aqui dentro, eu quero compartilhar com vocês, assim como nas reuniões, grupos, centros de auto ajuda ou seja lá como mais é chamado.  

É normal que eu me sinta envergonhada? Eu posso fechar os meus olhos e me imaginar de pé compartilhando minha história e todos vocês sentados, com os olhos fixos em mim. É estranho.. mas, é libertador. A vergonha também é de estar na posição de alguém que não conseguiu ser ou seguir nada do que já escreveu aqui, eu quis mesmo ajudar mas, não me dei conta do quanto eu precisei ser ajudada e talvez esse seja o ponto inicial. Eu sempre estive em fases diferentes da minha vida e fases estas que duram por vezes, uma semana, duas, um mês ? É doido pensar assim não é?. Mas, sim é aquela semana que você está super positivo, e esperançoso, confiante e acredita que nada e nem ninguém pode te impedir ou entristecer e você tem uma noite de sono maravilhosa e acorda no dia seguinte e tudo mudou dentro de você e de repente se sente a pessoa mais sozinha e incapaz desse mundo e todo o brilho se apaga, como se alguém estivesse tapando a sua boca e de maneira cruel, apagasse todas as velas lindas e brilhantes do seu bolo e no fim ainda ri de você, é assim que me sinto as vezes. Estivesse em fase um tanto quanto sombrias e eu meus amigos, custei muito para achar uma saída, eu me demorei em cada uma delas, dei milhões de voltas no mesmo ciclo até conseguir achar um atalho para uma saída.  

Sabe algo importante nessas fases são as pessoas que você escolhe para te ajudar a passar por elas mas, existem pessoas disfarçadas, cheias de boas intenções que até te oferecem um lar seguro mas, no fim te fazem prisioneiras, escravas do falso sentimento que elas plantaram em você. E tudo fica tão embaraçoso, e mais sombrio e você sabe que pode ir embora a qualquer momento apenas abrindo a porta mas, algo te prende ali, te mantém naquele ciclo, você quer muito ir, sabe que precisa, mas, o seu coração não quer se partir mesmo já estando ensanguentado e ferido.  

Eu queria dizer que eu escolhi uma pessoa incrível e que me ajudou a sair desse lugar, mas, infelizmente não foi isso que aconteceu… eu acabei escolhendo alguém que me ofereceu um abrigo temporário, um lugar seguro, mas, logo depois vendou os meus olhos e apagou todas as velas, todas as luzes aqui dentro e me empurrou para dentro de um buraco escuro para que eu não encontrasse uma saída. E isso acontece exatamente quando eu escrevo “A Garota dos Olhos Castanhos” acho que não é segredo para vocês, “Croissant, livros e café “é a minha identidade enfim, acho que foi ali que talvez eu tenha tentado até pedir alguma ajuda.. quem me salvou? ele mesmo, a pessoa que me empurrou do penhasco para depois empurrar outra vez.  

Eu sempre acreditei mesmo que as pessoas por um milagre divino pudessem mudar, se arrepender dos seus atos, mas, não é bem assim que acontece, a vida não é mesmo como nos livros que costumamos ler, sempre vai existir aquele grupo de pessoas que vai concordar com suas próprias atitudes e que não vão demostrar quaisquer tipos de arrependimento que seja e quem somos nós para fazer com que mudem de ideia? Claro tirando os psicólogos, terapeutas e os psiquiatras e ela mesma claro.  

Eu sou a mulher apaixonada pelas coisas mais simples e poéticas desta vida, apaixonada pela vida, pelas pessoas, pelos detalhes e nenhum deles passam despercebidos por mim. Gosto de sentar em uma cafeteria qualquer e observar as pessoas, o fio de cabelo solto do coque preso da atendente do café, o modo como ela sorri ao dar bom dia, a delicadeza e o cuidado ao colocar o café sobre a mesa, os óculos na ponta no nariz do Dono do café e o jornal de notícias que ele folheia todos os dias, e como ele balança a cabeça quando algo parece que não o agradou, como ele se sente sozinho quando fala sobre os filhos e a esposa que o deixou. O mesmo grupo de amigos que chegam e se sentam a mesa com suas mochilas, empolgados, como falam sobre qualquer assunto, e gesticulam, os sorrisos enormes de orelha a orelha e risadas altas que te lembram aquela fase do colégio onde seu maior problema era não ter caído na mesma sala que seu melhor amigo e o menor deles não servirem hamburgão na cantina… Ah e o casal? são tão fofos juntos, ele sempre passa o cabelo dela por detrás da orelha e ela sorri com os olhos e dá para sentir da minha mesa o quanto ela se sente segura, ele pergunta primeiro o que ela quer comer e no fim eles pedem sempre a mesma coisa.. e ela diz “e uma água com gás por favor” ele sempre acha estranho como se fosse a primeira vez que ouvisse… é eles parecem tão felizes juntos, algumas vezes ela chega um pouco cabisbaixa, aparentemente preocupada mas, ele sabe como arrancar sorrisos dela e tudo parece normal e feliz novamente e é aí que eu pego a minha bolsa pago o meu café, agradeço e vou embora porque, começo a imaginar se alguém um dia se sentaria ao meu lado na mesa e observaria tudo isso junto comigo ou será só eu e meu café e meus livros ocupando a cadeira ao lado. E eu vou embora, de volta para o ciclo, confusa, ansiosa e desanimada. Ligo o celular e não vejo nenhuma notificação dele e eu me pergunto se ele também pensa em mim em algum único momento do dia e a minha resposta é tão clara que eu me encolho em minha cama e desabo outra vez e outra vez, e assim é todos os dias.. o momento mais feliz? é o café com o croissant e quando finalmente fecho os meus olhos e durmo.  

Sabe eu não tenho muitos amigos, embora que as minhas redes sociais digam o contrário mas, é exatamente isso.. eu não tenho quase ninguém que seja real de verdade e que me empreste um ombro de vez em quando, a verdade é que ninguém quer um amigo que te julgue quando você estiver errado, que brigue, que te fale a verdade.. nós só queremos ser ouvidos ou as vezes só um ombro para chorar e depois ficar em silêncio porque, a gente sabe que por mais que o outro te fale a verdade você ainda vai repetir alguns erros até aprender sozinho a não repetir os mesmos ciclos! ou até se perder e depois se encontrar novamente.. eu senti muito medo e eu ainda sinto as vezes de não me encontrar mais.  

Um amigo me perguntou se eu ainda continuava escrevendo… minha resposta foi que eu não sabia mais como fazer isto, que talvez essa parte de mim tivesse morrido junto com todas as outras partes.. e ele disse “Não morreu, você só precisa despertar essa parte de você e se lembrar de quem você é” e aí eu passei a semana inteira refletindo sobre isto, sentei em minha cama e dessa vez não peguei o celular, eu só olhei para aquele monte de livros ao meu redor e me fiz estas perguntas; Quando foi a última vez que eu fiz algo por mim? quando foi a última vez que eu li? que escrevi? que fui ao bosque? É bizarro..  que eu cuidei de mim e quando foi o momento exato que eu desapareci e me esqueci? E como a tempestade que cessa, tudo clareia e o sol aparece novamente como nos dias de verão.. eu peguei meu caderninho e escrevi depois de muito tempo, neste papel, parece bobo mas, escrevi sobre as coisas que eu ainda quero fazer, sonhos que ainda não realizei, e do outro lado da folha, como um escritor escrevendo a biografia de outra pessoa eu escrevi a minha biografia, sobre quem eu sou e quero ser, todos os detalhes que fazem com que eu me reconheça de verdade!  

Eu ainda estou me redescobrindo, despertando.. eu não quero achar um culpado, e não quero colocar ele nesse centro da minha reunião imaginária e pedir para que vocês apontem seus dedos para ele e o julgue, quero que vocês apenas ouçam essa voz do meu coração e que me abracem para que eu nunca mais em nenhum momento me sinta tão sozinha e incapaz de ser quem eu nasci para ser. Estou me redescobrindo, foi apenas outra fase ruim, e eu achei mesmo que ela duraria para sempre mas, achei uma brechinha de luz, um atalho e lá estava todas as velas acessas novamente!. 

 Nós sempre achamos que a fase ruim vai durar pra sempre porque, a dor as vezes nos cega, nos cala e sufoca e eu não vou romantizar a dor! Poque DÓI! é horrível! é péssimo não querer ou ter vontade de viver.. por mais que ninguém tenha te batido, ou você tenha sofrido um grave acidente a dor está ali e é tão real, ela é física também. O estomago dói, a cabeça dói e todo corpo vira um peso uma carga. Eu estou aqui e digo com a certeza que, a dor emocional nos afeta, nos atinge da maneira mais cruel, ela é devastadora e perigosa e acho que já até mesmo escrevi aqui… a dor é o verdadeiro “câncer da alma” e sobreviver não é fácil, é muito mais fácil desistir.. porque esse pensamento corrói a mente quase que o tempo todo, aquela voz, aquela maldita voz dizendo “chega, desiste, você não vai sobreviver a isto” “se entregue”, “se rende” a maldita voz que faz com que as pessoas desistam da sua própria vida… ela fala tão alto dentro da mente que isso nos enlouquece.. Nós ficamos mesmo como loucos, depressivos, ansiosos e traumatizados.  

Então não vou romantizar e dizer que a dor te faz forte porque, nem sempre é assim. Eu preciso de ajuda, todo mundo precisa.. de alguém que te ilumine, te faça lembrar das coisas boas que existem em você.. que te busque dentro da escuridão, que faça um caminho de luz para que você encontre a sua própria luz, que te ajude encontrar uma saída, um atalho, uma solução, que te ofereça um lar seguro.. existe uma experiência nisso tudo? sim… mas existe principalmente o sentimento de nunca mais querer voltar para este lugar.. e é assim que eu me sinto, não quero mais voltar para aquele lugar escuro, e esse lugar nem sempre é alguém, pode ser um emprego que tira toda a tua felicidade, perspectiva de crescer profissionalmente ou mesmo uma casa onde sua família não te apoia, não te ofereça conforto, paz ou mesmo as drogas enfim. 

Essa é a minha história, a minha voz.. e é um alivio poder compartilhar tudo isso com vocês! Fiquem um pouco mais, eu quero finalizar compartilhando um sonho com vocês. Eu fechei os meus olhos por um momento e sonhei, eu era dona de um café, a cafeteria era como eu sempre imagino, decorações de livros, paredes e portas rústicas , quadros lindos, muita arte, jazz tocando de fundo, as poltronas tão confortáveis, o cheiro era quase real.. na vitrine lindos croissants dos melhores sabores e muffins de baunilha com gotinhas intensas e saborosas de chocolate. Ela estava cheia, se ouviam muitos risos, e se via muito amor, alegria e a sensação de conforto era mesmo real, eu pude ver ali, muitos lares.. Sim, ali em casa mesa, em cada olhar.. Um porto seguro, um lugar incrível, e na mesa do canto lá estava eu, tirando inúmeras fotos destes momentos que virariam memórias, as memórias mais afetivas por sinal e que logo virariam histórias no meu blog ou quem sabe um dia no meu livro. Sonhar é permitido não é? E eu Gabrielle, sou feita de sonhos e histórias algumas aqui compartilhadas, vou acreditar e lutar para que cada um destes sonhos se realize, e se em algum momento eu querer parar por favor, façam uma reunião me chamem paro café e vamos compartilhar nossos sonhos e histórias? Eu preciso de vocês e se precisarem de mim eu estarei aqui, eu puxo a cadeira pego o meu café e me sento e ouço todo o barulho que reside dentro de vocês. Talvez nossos barulhos tenham algo em comum..  

 Eu senti falta de vocês 😊  

Até breve meus amigos..  

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3 comentários em ““Café e Prosa”‘

  1. Que maravilha de texto! Me vi na sua história, pois estou passando exatamente pelo mesmo agora! É tão difícil, sinto que não vou suportar tamanha dor de ter sido lançada ao penhasco por quem “queria me proteger”. Tento escrever para me curar 😦

    Curtido por 1 pessoa

    1. A escrita tem o incrível poder de curar, de algum modo você precisa se libertar das coisas que te ferem, e a escrita é um caminho para isto ! Tenho certeza que encontrará meios para isto, vamos juntos neste processo. Vai dar tudo certo 🙏🏻♥️

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