
Ela não era mais a mesma.
Seus olhos refletiam a profunda tristeza que habitava em seu coração.
Sua dor soava como ecos, no vazio constante de sua alma.
Era este mesmo vazio que ocupava um imenso espaço em seu coração,
E era a sua voz que ecoava por dentro, entre as paredes.
Paredes estas que após tantos crivos, já não eram mais firmes e resistentes,
Apresentavam agora, imensas rachaduras, como raízes que se espalham.
Cada uma destas rachaduras, contava uma história, a sua história.
E aquela voz… implorava por ser ouvida,
Seria o seu próprio eu pedindo para que fosse encontrado?
Sentia-se destruída, como se um tornado tivesse passado por ali e cruelmente destruído o teu jardim.
E tudo que sobrou foram os cacos de si mesma… agora estilhaçados,
E a pequena lembrança de um jardim que um dia fora os dos mais belos e floridos.
O tornado é o caos que habita na escuridão dentro de si,
Ela tenta esconder o seu próprio caos por detrás de um lindo sorriso,
Para que não tenhas que, despir a sua alma e que a vejam como realmente é.
Tem medo que descubram o tamanho da sua escuridão, talvez se assustem.
Teria alguém neste mundo a corajem de amá-la em meio á escuridão?
Sentia-se sufocada, como se uma pedra estivesse sobre seu peito.
Nem sabia explicar. Só sentia. Sentia muito.
As ordens dos normais lhe doíam. As críticas? Lhe esfolavam por dentro.
Ela não era louca ou Ingrata,
Ela só não conseguia.
Era um corpo marcado pela dor.
Pela dor da alma, a pior de todas as dores.
A invisível, que não aparece na ultrassonografia, nos raios x, nas tomografias mas, está lá.. silenciosa.
Maligna. Incompreendida. Para a dor da alma não tem morfina.
A pedra é a dor e a dor é real, a dor é o câncer da alma.
A dor existente faz com que ela exista mesmo que, deseje por um momento desaparecer.
Há quem diga que a dor é melhor que nada mas, será que é mesmo?
Secas, as plantas e ela. Encolhida num canto escuro, sua alma também definhava.
Tinham acabado seus estoques de ânimo, coragem, decisão. Como foi que tinha ficado assim?
Nada mais tinha cor. Sua vida era um filme de quinta. Mal feito. Mal dirigido.
Não era melhor desistir? Ela já tinha pensado nisso. Mais vezes do que gostaria.
Ela sabe que precisa continuar, a voz ainda ecoa dentro de si.
Se a voz se calar talvez ela se perca para sempre.
A voz é o seu único amor, é a única coisa real e inteira que sobrou após o tornado.
É a sua própria luz no fim do túnel.
O seu eu ainda espera ser encontrado então, ela sabe..
Ela sabe que precisa se ouvir.
Existe algo maior do que a dor, e ela sabe .. mesmo que não seja mais a mesma,
Há algo dentro de si que nem os piores tornados seriam capaz de destruir
É forte, é resistente e reside dentro de si desde sempre.
O Amor.
Com este amor ela segue.. segue em frente,
Pronta quem sabe, para reconstruir o teu jardim novamente.

Teria alguém neste mundo a coragem de amá-la em meio á escuridão? Claro que sim, sem dúvidas… Alguém que pudesse lhe dar a mão, um guia nessa escuridão, juntos buscando a luz, tão necessária pra florir novamente o jardim outrora seco, sem vida… afinal, dor compartilhada fica mais leve, menor; felicidade compartilhada, se multiplica!
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